RESUMO
Introdução: O delirium, é um transtorno neurocognitivo com perturbação da atenção, da consciência e da cognição, que tende a flutuar, estando associado a perturbações do ciclo do sono-vigília, sendo geralmente reversível. O delirium na Pessoa em Situação Crítica (PSC) em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) é uma realidade que permanece subdiagnosticada, com lacunas na intervenção e impactos negativos na saúde. Objetivos: Conhecer o conceito e o significado que os enfermeiros de UCI atribuem ao delirium, compreender a perceção dos enfermeiros de UCI sobre os contributos da avaliação objetiva do delirium com a PSC, analisar os fatores promotores/inibidores da monitorização do delirium na PSC e analisar as intervenções de enfermagem para a prevenção, avaliação e documentação do delirium da PSC. Metodologia: Estudo qualitativo descritivo exploratório, em que os dados foram colhidos por entrevista semiestruturada em três grupos focais, com enfermeiros intencionalmente selecionados, de uma UCI de nível III, de um centro hospitalar em Portugal. Os dados foram analisados segundo a metodologia proposta por Bardin (2016). Resultados: Da análise de conteúdo emergiram seis categorias: A PSC em delirium: conceções; Avaliação da PSC em delirium; Impacto(s) da ocorrência de delirium; Intervenções preventivas; Constrangimentos no cuidar; e Como promover o cuidado: sugestões. Os enfermeiros têm perceção que o delirium é uma síndrome complexa, que a PSC responde de forma díspar o que torna o diagnóstico mais complexo, que a prevenção é a melhor forma de intervenção e tem impacto negativo para a pessoa, a família e o enfermeiro. Sustentam a avaliação na experiência, raramente recorrendo à avaliação objetiva por razões ligadas à sua preparação, porém, reconhecem-na como uma avaliação rigorosa e sustentada. Têm conhecimento sobre as intervenções preventivas do delirium, contudo, percecionam que as suas práticas não evidenciam a importância da sua implementação integrada, como preconiza a bundle ABCDEF. Há lacunas na documentação do delirium e intervenções, associadas a dificuldades no uso do padrão documental instituído. Conclusões: A formação e treino dos profissionais, a alteração do padrão de documentação, a adequação do rácio enfermeiro/doente e práticas sustentadas nos referenciais teóricos centrados na pessoa, seriam contributos na promoção da qualidade da intervenção com a PSC em delirium.
